em 5 de agosto de 2020

Dantas Corrêa, a conquista do Nordeste

em 5 de agosto de 2020

Dantas Corrêa, a conquista do Nordeste

É difícil andar pela região do Seridó sem esbarrar em algum membro das famílias Dantas, Corrêa ou ainda Dantas Corrêa. O que pouca gente sabe é que essa família de origem ibérica tem laços judaicos que se misturam com as tradições da região, inclusive com o nome, que segundo uma das teorias, viria das palavras hebraicas “sarid” e “serid”, que significariam “sobrevivente” ou “o que escapou”. Ou ainda “she’erit”, no sentido de “refúgio Dele” ou “refúgio de Deus”, aludindo à perseguição sofrida pelos sefarditas após a instalação da Inquisição em Portugal e Espanha. 

Os Dantas 

No extremo norte de Portugal existe uma pequena freguesia com cerca de 2 mil habitantes chamada Antas, que além do belo litoral, conta com uma área de vegetação nativa e paisagens do rio Neiva. A abundância da região fez com que cedo fosse colonizada, havendo vestígios de povoamento de mais de 2 mil anos antes de Cristo, como diversos marcos conhecidos como antas ou menires, monumentos de pedra do período Neolítico cuja função poderia ser astronômica ou funerária.

Com o tempo, quem nascia naquela região passou a ser conhecido como de Antas ou D’Antas, e muitos passaram a adotar a expressão toponímica como sobrenome, que, posteriormente, passou a ser grafado como Dantas. Os mais antigos registros do uso do nome remontam ao século XII.

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Os Corrêa

Na península ibérica há uma planta rastejante bastante comum de flores brancas ou rosadas, que por se emaranhar em cachos ficou conhecida como corriola-campestre (Convolvulus arvensis). Outros sinônimos para corriola são corrijola e correia, termo que, segundo pesquisadores, seria uma das origens possíveis do sobrenome Corrêa, especialmente em Portugal. Mas há quem defenda que o sobrenome tenha surgido na Espanha, adotado incialmente por pessoas que se dedicavam à fabricação de correias de couro.

Já Dom Soeiro Pais Correia traz uma lenda de origem bem mais interessante. Segundo a anedota contada por ele, em certo momento de dificuldades financeiras, um cavaleiro estava tão desesperado que se viu obrigado a comer as correias de couro de sua armadura e até mesmo os arreios de seu cavalo. Hoje em dia, ambas as escritas são comuns, tanto Corrêa (mais antiga) quanto Correia.

Os Dantas Corrêa no Brasil

O entrelaçamento entre Dantas e Correias que originou o ramo sobre o qual trata este texto remonta ao casal Pedro Vaz de Antas e Maria Cobaco Correa, que viveu no século XVI na Villa de Barcelos, em Braga, Portugal. Já o primeiro membro da família a chegar ao Brasil foi José d’Antas Corrêa, bisneto do casal anterior, que partiu de Barcelos direto para Pernambuco, onde fundou o engenho “Fragoso”, nas proximidades de Recife. Casou-se com a paraibana Isabel da Rocha Meireles nos primeiros anos de 1700, com quem teve diversos filhos, dentre os quais os ilustres Tenente-Coronel Caetano Dantas Correia e José Dantas Correia.

O primogênito do casal, José Dantas Correia, nasceu em 1708 e, casando-se com Tereza de Góis e Vasconcelos, viria a formar o ramo da família que ainda hoje é encontrado em toda a Paraíba, especialmente na Serra do Teixeira. Quanto a Caetano, nasceu em 1710 e deslocou-se para a região do Seridó, no Rio Grande do Norte, onde se tornou um dos grandes patriarcas da família Dantas. Casou com Josefa de Araújo Pereira e dessa união gerou vários descendentes, que mais tarde se entrelaçaram com as famílias Azevedo Maia, Araújo Pereira, Batista dos Santos, Lopes Galvão e Fernandes Pimenta.

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O que não se sabia, até pouco tempo, é que a mãe de José d’Antas Corrêa descende de uma linhagem direta de judeus sefarditas de Barcelos, que foram convertidos à força por ordem do rei D. Manoel em 1497, fato já comprovado pelas comunidades israelita, portuguesa e espanhola. Maria da Costa Aguiar tinha como um de seus antepassados o casal Junca Montesinho e Micol, que viveram no século XV.

Hoje, os descendentes deste ramo familiar somam milhares de pessoas residentes na região do Seridó e arredores, no Rio Grande do Norte, bem como boa parte dos sertões da Paraíba e até mesmo no Cariri.

Importante lembrar: Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.