Família Castro e Silva
Os Castro e Silva deixaram marcas na história política e vasta descendência, espalhada por todo o Brasil, especialmente no Ceará.
É interessante notar que ambos os sobrenomes têm origem na língua latina e foram utilizados por nobres europeus. Contudo, enquanto Castro é pouco comum, Silva é possivelmente o sobrenome mais usado no Brasil, afirmativa que não pode ser feita por não haver um órgão oficial que faça este tipo de estatística.
Sobrenome Castro
A palavra castro vem do latim “castrum”, que significa castelo, fortaleza, forte. Foi usada como sobrenome, inicialmente, na Espanha por uma das famílias mais nobres da Península Ibérica, por isso traz farta documentação genealógica. É possível rastrear membros desta família pelo menos desde o século XIII, havendo registro de casamentos de vários Castros com princesas de linhagens hispânicas, ampliando o poder sociopolítico desta família nos séculos seguintes.
Estudiosos afirmam que o sobrenome tem origem toponímica, proveniente da vila de Castrojeriz (Castro Xerez), município da província de Burgos, onde se localizam as ruínas do Castillo de Castrojeriz, uma das paradas no caminho de Santiago. O primeiro a utilizar o sobrenome teria sido Dom Rui Fernandes de Castro, um rico homem de el-rei D. Afonso VII.
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Sobrenome Silva
Desde o império romano o sobrenome Silva é utilizado. Há um registro histórico sobre o Procurador Lucius Flavius Silva, comandante do exército que conquistou Massada (fortaleza no topo de uma montanha ligada à rebelião judia contra o domínio romano) em 73 d.C., contudo, não há como comprovar que os atuais Silva, e mesmo os Silva ibéricos da Idade Média, teriam vínculo com os romanos.
Teria sido originado da palavra latina “silva”, que significa selva, floresta, mata, bosque. Em Portugal, com a presença romana, muitas pessoas adotaram o termo como sobrenome. Além disso, Silva passou a batizar diversos locais, como a Torre e Honra de Silva, que ficava a meio caminho das freguesias de São Julião e Silva, junto ao concelho de Valença. Mesmo famílias nobres passara a utilizar o sobrenome, como os descendentes do godo D. Aderaldo, cujo filho, D. Guterre Alderete de Silva, se casou com uma descendente da nobreza da Casa Real de Aragão.
Com o passar do tempo, muitas outras famílias, nobres ou não, passaram a adotar o sobrenome. Tornou-se comum encontrar um Silva em qualquer região do reino português, seja nas ilhas da Madeira e Açores e, posteriormente, no Brasil, onde o alfaiate Pedro da Silva foi registrado como o primeiro membro da família a desembarcar, em 1612. Daí em diante, diversos “Silvas” foram chegando, inclusive muitas pessoas adotaram o sobrenome ao chegar ao Brasil como forma de recomeçar a vida nas novas terras, de forma anônima, por se tratar de um sobrenome já bastante comum no período colonial.
Segundo o pesquisador Marcelo Meira Amaral Bogaciovas, muitas pessoas teriam adotado o sobrenome por razões diversas, seja após se converterem à religião católica (se judeus ou muçulmanos) ou por serem ex-escravos, que se registraram com o sobrenome de seus antigos donos no período da Abolição, além de índios que se tornaram cristãos. A adoção em massa do sobrenome pelos escravos trazidos ao Brasil também é apontada pelo genealogista Carlos Eduardo Barata, autor do Dicionário das Famílias Brasileiras.
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Além disso, em seu livro “Os sobrenomes mais comuns do Brasil”, Claudio Campacci aponta que era prática comum entre os portugueses que chegavam ao Brasil receberem acréscimos ao sobrenome original referentes aos locais onde se fixavam: quem ficava no litoral, incorporava o “Costa”, enquanto quem se destinava ao interior do país, floresta adentro, ganhava o “Silva”.
Os Castro e Silva
Origens históricas à parte, o primeiro Castro e Silva a desembarcar no Brasil teria sido o açoriano Joseph de Castro e Silva, natural da Ilha de São Miguel, nascido a 20 de setembro de 1709, filho de Manoel Dias da Ponte e Maria Lopes. A partir da documentação de sua genealogia não é possível indicar como adquiriu o sobrenome composto, tendo entre seus antepassados muitos membros das famílias Rocha, Ponte, Baião e, especialmente, Rodrigues.
No Brasil, casou-se com a cearense Anna Clara da Silva, nascida em Russas a 21 de agosto de 1732, filha do capitão Antonio da Silva Cruz e Tereza Maria de Jesus. O casal viveu em Aracati, cidade a partir da qual a sua vasta descendência espalhou-se por todo o Ceará, onde exerceu grande influência política.
É exatamente por parte da esposa Anna Clara que este tronco tem ascendência sefardita, por linhagem materna, assim como os primos em segundo grau do ramo dos Bezerra de Menezes. A avó materna de Anna Clara, Joana Bezerra de Menezes, descendia do cristão-novo Belchior da Rosa.
Mesmo com os casamentos entre as famílias locais mais importantes, o sobrenome composto permanece utilizado até hoje sem muitas variações. No entanto, ramos como os Albuquerque, Leitão, Monte, Ribeiro e Valente, dentre outros, trazem a herança genética dos Castro e Silva. Dentre os atuais e ilustres descendentes de Joseph de Castro e Silva, a cantora Marisa Monte, cujos bisavós paternos viveram no Crato e pertenciam às famílias Saboia e Monte.
Importante lembrar: Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.
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