Família Leme
São muitos os ramos da família Leme no Sudeste do Brasil. O que muitos não sabem é que a família originou-se na cidade de Bruges, atualmente capital da província de Flandres Ocidental, na Bélgica. A cidade portuária é conhecida como a “Veneza do Norte” por causa de seus inúmeros canais e a arquitetura centenária. O nome Bruges, provavelmente de origem viking, povo que dominou o local a partir do século IX, significa ancoradouro.
O desenvolvimento comercial logo enriqueceu algumas famílias locais, como os Lem, cujo contato com os mercadores portugueses, que levavam especiarias, madeira e açúcar para Bruges, com o tempo, lhes trouxe também influência. Por terem suas próprias caravelas, os Lem conseguiram do rei de Portugal o monopólio do comércio de cortiça por dez anos, franquia essa concedida a Maerten Lem (Martin Lem), levando alguns membros do clã a se instalarem em Lisboa e na Ilha da Madeira.
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Por essa época o sobrenome foi aportuguesado para Leme e membros da família rumaram para o Brasil, em meados do século XVI, onde se tornaram importantes donos de engenho na capitania de São Vicente. O primeiro a chegar ao Brasil foi Antão Leme, oriundo da Ilha da Madeira, para exercer o cargo de juiz ordinário e, anos depois, o seu filho, Pedro Leme. A filha de Pedro, Leonor Leme, e seu marido, Braz Teves (nome corrompido no Brasil para Esteves), são considerados o casal originário do povo paulista, pois além de seus descendentes diretos, praticamente todas as famílias de origem vicentina entrelaçaram-se com os Leme por matrimônio.
Os Leme e os vínculos sefarditas
Mas se é nórdica a origem da família Leme, cujo membro mais antigo de que se tem notícia é Willem Lem, também citado como Guillaume Lem, na forma francesa, que viveu por volta de 1350, como se dá o laço sefardita? Acontece que dos muitos ramos brasileiros dos Leme, dois em especial descendem de dois judeus sefarditas conhecidos, Sebastião de Freitas e Antonio Bicudo Carneiro, devido a casamentos de antepassados.
É o caso dos Leme da Silva de Atibaia, interior de São Paulo, que por volta do início do séc. XVIII se estabeleceram na região. Uma das filhas do casal Brás Esteves Leme e Teodora da Silva Padilha, Maria, adotou o sobrenome composto Leme da Silva. Do casamento de Maria Leme da Silva com Antonio Leite Cardoso surgiu vasta descendência que povoa até hoje Atibaia e cidades vizinhas.
O fato é que embora Brás Esteves Leme não tenha vínculos conhecidos com algum judeu sefardita, sua esposa, Teodora, é tetraneta de Antonio Bicudo Carneiro e Izabel Rodrigues. De Teodora surgiram ramos que carregam sobrenomes como Brito, Camargo, Cardoso, Cunha, Oliveira, Padilha, Prado, Preto, Rocha e Siqueira.
O outro ramo, mais numeroso, descende da filha de Sebastião de Freitas e Maria Pedroso de Alvarenga, Izabel de Freitas, que casou-se com Braz Leme. Em cidades como Cotia, Guaratinguetá, Itu, Santana de Parnaíba, Santo Amaro e Sorocaba podem ser encontrados descendentes deste ramo assinando sobrenomes diversos, como Correa, Costa, Lima, Freire, Garcia, Machado, Pedroso, Reis, Ribeiro e Tenório, dentre outros.
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Importante lembrar: Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.
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