Vaz de Barros, altos cargos na colônia
Uma das mais tradicionais famílias a se estabelecerem em São Paulo, os Vaz de Barros têm uma considerável participação na história brasileira. O primeiro a fincar raízes no Brasil e a ostentar o sobrenome composto Vaz de Barros, fundando o ramo, foi o capitão Pedro Vaz de Barros. Nascido em Algarve, Portugal, era filho de Jerônimo Pedroso e Joanna Vaz de Barros, e neto, por parte de pai, do capitão-mor Antonio Pedroso e Bernarda Mendez. Tanto o pai quanto o avô são registrados como cristãos-novos.
Alguns pesquisadores acreditam que a origem sefardita poderia ter sido um empecilho para que ele e seu irmão, Antonio, ascendessem socialmente, como é o caso de José Gonçalves Salvador, que parece se esforçar para comprovar que os irmãos eram cristãos-novos, tanto que chega a afirmar que Antônio Pedroso de Barros revelou ao visitador do Santo Ofício, em 1591, nas “Denunciações da Bahia”, que ambos os seus pais eram judeus sefarditas. No entanto, o autor cita, mas não transcreve, nem indica a localização do documento de referência.
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A conquista da notoriedade
Os irmãos, contudo, ganharam notoriedade construindo grande reputação ao terem participado de feitos de bravura, como estado nas minas de prata do Peru no final do século XVI, além de participarem de lutas contra invasores ao litoral brasileiro, destacando-se como alguns dos mais importantes bandeirantes paulistas. Com isso, os dois irmãos foram nomeados conjuntamente para altos cargos na colônia, na época, dominada pela Espanha, dentre os quais o governo da capitania de São Vicente em 1603.
Talvez para atenuar o que na época era considerada uma mácula, a origem judaica, outros escritores buscaram enaltecer origens supostamente nobres da família que ia ganhando cada vez mais destaque na história paulistana. A descendência de Pedro Vaz de Barros é descrita por Luís Gonzaga da Silva Leme no volume III de sua Genealogia Paulistana, que na página 442 diz o seguinte:
“Pedro Vaz de Barros e seu irmão Antônio Pedroso de Barros foram pessoas de qualificada nobreza e vieram ao Brasil providos, Antonio em capitão-mor da capitania de São Vicente e São Paulo, e o irmão Pedro Vaz de Barros em ouvidor da mesma capitania, com cláusula que, falecendo Antônio Pedroso, fosse capitão-mor governador e também ouvidor o irmão Pedro Vaz, e falecendo este acumulasse Antônio Pedroso os dois cargos, como se vê da carta patente passada em Lisboa em 1605, pela qual tomou posse Antônio Pedroso na câmara de São Vicente em 1607, que está registrada no arquivo da câmara de S. Paulo.”
Os descendentes
Especulações à parte, o que é certo é que além de Pedro Vaz de Barros e Antonio Pedroso, seus pais tiveram mais duas filhas, Bernarda e Lucrécia Pedroso, convocadas à inquisição em Portugal, em 1591 e em 1592, por crime de judaísmo. Outro fato é que os dois irmãos originaram algumas das famílias mais poderosas do atual estado de São Paulo. De Pedro Vaz de Barros e Antonio Pedroso descendem os barões e marqueses de Itu, a classe dominante, oligárquica paulista, com destaque para os Paes Lemes, Barros Penteados, Moraes Barros. Entre seus descendentes, destacam-se Jerônimo Pedroso de Barros, um dos paulistas que iniciaram a Guerra dos Emboabas, e Frei Galvão, que também pertencia à família Pedroso de Barros.
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Importante lembrar: Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.
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