Por que cada vez mais brasileiros buscam a cidadania portuguesa pela via sefardita
O número de cidadãos portugueses naturalizados superou o número de cidadãos nascidos em território português, segundo dados do Ministério da Justiça de Portugal. Em 2018 foram 87 mil nascidos contra 128 mil naturalizados e, em 2019, cujos números ainda não foram divulgados, a tendência deve se manter. A cidadania portuguesa por meio da descendência sefardita contribuiu significativamente com essa mudança demográfica.
Segurança, remuneração em euro, saúde e educação de qualidade, além da possibilidade de livre circulação na comunidade europeia são alguns dos atrativos que influenciam na decisão de conquistar o passaporte português. “Eu sabia que meus antepassados eram portugueses e procurei informações com especialistas para tentar obter a cidadania. Uma vez que moro na Europa, isso facilitaria nas questões relacionadas a visto e trabalho”, afirma Isabela Braga, que já conseguiu a cidadania portuguesa pela via sefardita e estimulou a irmã, que também iniciou o processo.
Já a empresária Marcela Ximenes, que vive atualmente no Reino Unido, ao descobrir que sua família descendia desses judeus, não perdeu tempo e deu entrada no processo. “Eu e meu marido sempre tivemos o desejo de morar na Europa. Ter a cidadania portuguesa e um passaporte europeu nos dá a segurança na mobilidade, para emigrar, de estarmos legalizados e podermos usufruir dos nossos direitos como cidadãos de um país membro da UE”, explica.
Marcela tem aconselhado a todos que a procuram a fazer o mesmo. “Não sabemos o dia de amanhã e devemos sempre buscar o melhor pra gente. Se você tem a possibilidade de obter a cidadania portuguesa, por que não? É uma porta que se abre! É um mundo de oportunidades que se abre pra sua vida”, finaliza.
Morar, trabalhar e viajar pela Europa foi o que motivou a juíza aposentada e advogada Soledade Fernandes a solicitar a cidadania portuguesa pela via sefardita. Ela soube recentemente que o seu processo já foi aprovado pela Ministra da Justiça. “Foi uma grande notícia! Cidadã portuguesa! Foi a realização de um sonho”, comemora Soledade, que adianta: “como viajante inveterada e advogada na área de consultoria internacional, a cidadania europeia me permitirá desbravar novos horizontes e acumular experiências”.
Soledade procurou a Martins Castro Consultoria Internacional no final de 2018 para prosseguir com o seu processo em Portugal. Hoje, além de cidadão portuguesa, a advogada é representante da empresa no Rio Grande do Norte.
Além das vantagens imediatas, como a busca por melhores condições de vida e emprego, outros brasileiros recorrem à cidadania portuguesa com o objetivo de aproveitar uma aposentadoria tranquila na Europa. É o caso do médico Sashi Andrade, que já tem cidadania norte-americana e trabalha no Havaí. Depois de descobrir ascendência sefardita, o médico, seus dois irmãos e um sobrinho submeteram-se ao processo.
“Como qualquer investimento de tempo e dinheiro, a pessoa tem de avaliar se atende aos seus interesses. Acredito que valha a pena se a pessoa pretende morar fora do Brasil. Apesar da burocracia envolvida, o processo foi tranquilo”, avalia.
Apesar da burocracia mencionada por Sashi Andrade, os interessados em obter a cidadania portuguesa dispõem da praticidade de poder recorrer a especialistas, que acompanham o processo desde a pesquisa genealógica até a emissão da certidão de nascimento portuguesa.
“Há muitos detalhes envolvidos no processo de obtenção de cidadania portuguesa por via sefardita, pois envolve tanto pesquisa genealógica, quanto aprovações das comunidades judaicas e do governo português. Se tudo não for feito em conformidade, pode demandar mais tempo e investimento financeiro do que o esperado”, alerta o advogado Thiago Huver, sócio da Martins Castro Consultoria Internacional.
O advogado chama atenção para o formulário gratuito de pré-análise desenvolvido pela empresa. Nele, as pessoas, desde que respondam corretamente as informações dos pais, avós e bisavós, podem saber se existe chances reais de serem descendentes de judeus sefarditas.
Os judeus sefarditas no Nordeste brasileiro
“Muitos portugueses de origem sefardita migraram para o Brasil a partir do século XVI fugindo da perseguição da Inquisição católica. Embora alguns tenham se fixado nos centros urbanos existentes naquele período, outros tantos procuraram o refúgio das áreas mais afastadas para se estabelecerem com suas famílias”, explica o historiador e genealogista Raphael Ricardo. “Por esta razão e também pela prática muito comum do casamento endogâmico — quando os membros de uma mesma família casavam entre si — é possível identificar os descendentes de judeus sefarditas especialmente no Nordeste brasileiro, de onde muitos desses indivíduos espalharam-se para outras regiões do país”.
Mencionado por Terra
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