em 21 de agosto de 2020

Família Oliveira Ledo: da fabricação de tijolos à colonização da Paraíba

em 21 de agosto de 2020

Família Oliveira Ledo: da fabricação de tijolos à colonização da Paraíba

Se é raro para um brasileiro não conhecer um membro da família Silva, o mesmo ocorre em relação às pessoas que carregam o sobrenome Oliveira, terceiro mais comum no Brasil e o sexto em Portugal. Quase 4 milhões de brasileiros assinam Oliveira, mas nem todos são da mesma família. Quanto aos Ledo, é uma família menos numerosa, mas a união com os Oliveira, no Brasil, deu origem a uma das famílias mais tradicionais do Nordeste, especialmente no Cariri paraibano.

Os Oliveira

Segundo estudiosos, o sobrenome Oliveira tem origem toponímica, adotado pelas pessoas que ocupavam o Paço de Oliveira, na freguesia de Santa Maria de Oliveira, às margens do rio Ave, na região entre o Douro e o Minho (norte de Portugal), onde, desde os primórdios de Portugal, se produz o azeite de oliva.

Outra linha de pesquisa defende uma origem mais remota do sobrenome Oliveira, segundo a qual a família descenderia de antigos aristocratas romanos da gens Oliva. Além disso, o sobrenome tem um forte vínculo judaico, sendo usado mesmo antes da Inquisição Ibérica.

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Diferente da família Oliveira portuguesa (ou romana), a família Oliveira que descenderia da Tribo de Levi, do povo hebreu, teve como fundador o Rabino Rabi Abraham Benveniste, que nasceu em 1433 na cidade de Soria, na província de Cáceres, no Reino da Espanha. Ele era descendente direto do Rabi Zerahiá ben-Its’haq ha-Levi e Gerona, que viveu no século XII e era chamado de ha-Its’hari, ou de Its’hari, pelo fato de sua genealogia ir até os filhos de Its’har, que era tio do profeta Moshe Rabenu.

Da mesma forma que a outra família Oliveira, este grupo teria adotado o sobrenome como forma de lembrar o azeite de oliva, neste caso com uma inspiração na religião judaica, pois era usado para ungir os sacerdotes levitas.

Além disso, o sobrenome Oliveira foi adotado por inúmeros judeus no período da Inquisição Ibérica ao se tornarem cristãos-novos, ou seja, ao serem forçados ao batismo cristão.

Família Ledo

Já o sobrenome Ledo (ou Lêdo) vem de um adjetivo medieval de origem latina (“laeto”) que significa alegre, risonho, contente. Apesar de ter caído em desuso na Idade Média, já teria sido adotado como alcunha e, com o tempo, como sobrenome por descendentes das primeiras pessoas a serem conhecidas como “ledos”.

Os Oliveira Ledo no Brasil

No século XVI, um oleiro português (fabricante de tijolos e telhas) chamado Bartolomeu Lêdo, filho de Antonio Lêdo e Ana Cassanoba, que segundo alguns pesquisadores seria judia, fixou-se em Olinda, Pernambuco, onde casou-se com a mameluca Ana Lins, filha do alemão cristão novo Roderich Linz (Rodrigo Lins) com a indígena pernambucana Felipa Rodrigues.

Durante a visitação comandada pelo Inquisidor-mor Heitor Furtado de Mendonça, uma cristã nova presa pela prática de judaísmo chamada Beatriz Fernandes, denunciou Ana e Bartolomeu como praticantes do judaísmo, o que levou à convocação do oleiro e sua esposa. Junto com Bartolomeu, também foi convocado o mameluco Manoel de Oliveira, que segundo pesquisadores como Antonio Pereira de Almeida e Tarcízio e Martinho Dinoá Medeiros, seriam a origem da família Oliveira Lêdo que povoou o Cariri paraibano.

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Já Severino Barbosa da Silva Filho afirma que Bartolomeu Lêdo e Manoel Oliveira teriam acompanhado o regimento de Matias de Albuquerque, em 1635, à Bahia, após a invasão do Recife pelos holandeses. De lá, os descendentes teriam atravessado o São Francisco e se estabelecido na Paraíba, como os irmãos Custódio e Antônio de Oliveira Lêdo, de quem descendem os fundadores das principais cidades do Cariri paraibano, como Cabaceiras e São João do Cariri.

A ascendência de Bartolomeu Lêdo e Ana Lins foi perpetuada entre as principais famílias da região. Através dos inúmeros casamentos, surgiram ramos como os Barros Leira, Cruz Oliveira, Faria Castro, Rodrigues de Oliveira, Pereira Pinto, Vieira Rodrigues, dentre outros.

Importante lembrar: Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.