Família Medeiros
No interior dos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, conhecida como Seridó, há uma família bastante numerosa que descende do casamento entre dois irmãos açorianos e duas irmãs brasileiras. Muitos acreditam que os irmãos Medeiros vieram fugidos para o Brasil devido à perseguição imposta pela Inquisição. Se este foi o motivo da migração, não se sabe ao certo, mas que o sangue sefardita corre nas veias de seus descendentes, não há dúvida, tanto que muitos membros atuais da família têm conquistado a nacionalidade portuguesa por esta via e outros têm regressado ao credo judaico.
A origem dos Medeiros
Não há consenso entre os pesquisadores sobre a origem dessa família. O que se sabe é que o sobrenome é usado há séculos e teria surgido no leste de Portugal, no distrito de Vila Real, onde há um povoado antigo chamado Medeiros. Desse modo, o sobrenome seria um toponímico, ou seja, quem nascia em Medeiros ficava conhecido como “fulano de Medeiros” e, com o tempo, os seus descendentes passaram a assinar dessa forma.
Outra teoria aponta que os Medeiros teriam origem nobre, surgindo a partir da alteração, por parte dos descendentes, do nome de Martim Sanches das Medas, que se destacou na luta contra os mouros na cidade do Porto, em 1245, durante o reinado de Afonso III. A palavra medas significa “empilhado” ou “amontoado”, levando a crer que o primeiro a usar este sobrenome antigo teria sido alguém que praticava o oficio de empilhador ou vivia perto de algo que alude a objetos/alimentos empilhados. Medeiros então seria uma corruptela de Medas, com o mesmo sentido.
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Quem defende esta teoria afirma que os netos de Martim Sanches das Medas já passaram a usar o sobrenome Medeiros, sendo o primeiro deles Rui Gonçalves de Medeiros, que viveu em Évora e teve papel de destaque durante o reinado de D. João I. Contudo, cronologicamente, Rui não poderia ter sido neto de Martim, o que põe esta teoria em descrédito. Além disso, normalmente o sobrenome é utilizado com a preposição “de” (de Medeiros), o que torna a primeira hipótese mais provável, pois normalmente esta é uma prática para sobrenomes toponímicos.
Já a trajetória da família Medeiros nas ilhas começou no século XV, com Rui Vaz de Medeiros, que teria fugido de casa e, na Madeira, casou-se com a filha de Jorge de Mendonça, um nobre local. De lá, seguiu para os Açores, na ilha de São Miguel, onde estabeleceu-se como grande proprietário de terras com a doação de vastas sesmarias.
Das ilhas, muitos membros da família migraram para o Brasil e diversas outras partes do mundo, atualmente sendo encontrados até no Benim (país da África Ocidental), onde se instalou Francisco José de Medeiros. Já no Brasil, entraram inúmeros membros da família Medeiros, dentre os quais um dos mais famosos, o que originou o ramo da cidade de Passos, no sul de Minas Gerais, ainda no século XVIII, o ilhéu Manoel Jorge de Medeiros, do Faial, além de diversos que se estabeleceram no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo a partis do século XVII.
Os Medeiros no Nordeste
No início do século XVIII, dois irmãos da Ilha de São Miguel, nos Açores, Rodrigo de Medeiros Rocha e Sebastião de Medeiros Matos, filhos do casal Manuel Afonso de Matos e Maria de Medeiros Pimentel, migraram para o Brasil, instalando-se na região do Seridó, respectivamente, nos atuais estados da Paraíba e no Rio Grande do Norte.
Segundo Olavo de Medeiros Filho, em sua obra Velhas Famílias do Seridó, eles chegaram primeiro a Pernambuco, onde teriam se refugiado junto a parentes devido à Inquisição. Contudo, os parentes lhes encaminharam ao sertão da Paraíba, na fazenda Preás, na serra de Parelhas (atual Rio Grande do Norte), onde estariam menos expostos. Letrados, prestaram serviços jurídicos aos habitantes locais até se estabelecerem, casando-se com duas irmãs, sobrinhas do capitão-mor Geraldo Ferreira das Neves Sobrinho, Apolônia Barbosa de Araújo e Antonia de Morais Valcácer, filhas do casal Manoel Fernandes Freire e Antonia de Morais Valcácer.
Do casal Rodrigo e Apolônia, descendem os Medeiros do Rio Grande do Norte, que através de casamentos mesclaram-se com famílias como Araújo, Correa, Dantas, Oliveira, Pereira, Pimenta, Santos, dentre outras.
Já do casal Sebastião e Antonia, descendem os Medeiros da Paraíba, dentre os quais os muitos que habitam o município de Santa Luzia, onde a cada dois anos centenas de descendentes da família se reúnem para trocar memórias e conhecer os novos integrantes deste ramo familiar. Dentre os muitos ramos originados do casal, podem ser encontrados sobrenomes como os famosos Dantas Correa, Brito, Costa, Moraes, Nóbrega, Oliveira, Pereira, Tavares, Trindade, dentre outros.
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A origem cristã nova
Os aludidos indícios de que os dois irmãos teriam sido perseguidos pela Inquisição não foram confirmados até o momento, mas o que se sabe é que, por via materna, eles descendem do casal Beatriz Marques e Manoel Rodrigues, acusados de judaísmo por sua sobrinha, Águeda Moniz, no dia dezessete de setembro de mil quinhentos e noventa e dois na Ilha de São Miguel.
Importante lembrar: Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.
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