Os Pereiras, numerosos descendentes sefarditas
Um sobrenome comum no Brasil, bem como bastante tradicional no Ceará, presente em praticamente todas as regiões do estado, é Pereira. Membros de diversos ramos da família tiveram bastante destaque na política cearense, mas de onde surgiu o sobrenome?
Segundo reportagem publicada pela Revista Superinteressante em 2017, Pereira é o 8º sobrenome mais comum no Brasil. Cerca de 2,3 milhões de pessoas o utilizam atualmente no país.
Não há um consenso entre os estudiosos sobre a origem deste sobrenome. O que se sabe com certeza é que Pereira foi adotado por muitos judeus convertidos ao catolicismo (cristãos-novos) para fugir da perseguição.
Os primeiros registros do uso do sobrenome Pereira, com esta escrita, datam do século XII. Os estudos mais tradicionais apontam como origem o português Rodrigo Gonçalves de Pereira, que após prestar serviços a dom Henrique de Borgonha (conde de Portucale entre 1096 e 1112), recebeu como pagamento as propriedades de Palmeira e Pereira – nome com possível referência a uma plantação de peras.
Outros estudos apontam como primeiro registro do uso deste sobrenome remontando a Dom Gonçalo Pereira, um rico e poderoso senhor português que viveu no século XIII. Era neto de Gonzalo Rodrigues Frolaz, primeiro da família a migrar para Portugal, proveniente da Espanha. Esta corrente aponta que o sobrenome Pereira tem origem toponímica, ou seja, provém do nome do local de origem, a Quinta de Pereira, localizada em Vermoim, norte de Portugal, onde foi construído o solar da família. Estes primeiros Pereiras estavam ligados à casa de Bragança, em Portugal. Segundo esta linha de estudos, a origem mais remota da família provém do conde de Forjaz Bermudez, sobrinho neto de Desidério, o último rei dos longobardos, da Itália.
Há também indicativos de que D. Bernardo Gavião, cristão-novo, adotou o apelido de Pereira por volta de 1201, casando-se com Dona Joana G. Canalle, com quem teve diversos filhos, das quais remontam os ramos Pereira de Mello (usado pelas mulheres) e Pereira Gavião (pelos filhos homens).
OS PEREIRAS NO BRASIL
O primeiro Pereira a chegar ao Brasil teria sido o donatário Francisco Pereira Coutinho, assassinado pelos índios tupinambás em Itaparica, em 1549. Seus descendentes deixaram a região por causa de conflitos de terra, rumaram em direção ao São Francisco e se dispersaram de Minas Gerais a Juazeiro da Bahia e se radicaram em Pernambuco nas regiões de Petrolina, Lagoa Grande, Cabrobó, Flores, Serra Talhada, Salgueiro e Parnamirim, onde arrendaram terras da Casa da Torre e formaram sítios, fazendas, vilas e cidades.
OS FONSECA PEREIRA NO CEARÁ
Estudos apontam ascendência judaica de diversos ramos da família Pereira. No Brasil, um dos ramos mais antigos é o Cunha Pereira, que data do século XVII e descende de Belchior da Rosa, que em denúncia contra João Nunes durante a visitação do Santo Ofício em Pernambuco em 1593, declarou-se cristão-novo. Os inúmeros descendentes de Belchior da Rosa ostentam sobrenomes tradicionais, como Cavalcanti, Bezerra, Monteiro, Sá, Cunha e Albuquerque, dentre outros.
No Ceará, um ramo da tradicional família Pereira também pode ser ligado a Belchior da Rosa. O ramo Fonseca Pereira, relativamente novo, datando do século XIX, teve início com o casamento, em 17 de janeiro de 1849 entre Antonio Joaquim Pereira e Belisa, filha primogênita do capitão-mor Joaquim da Fonseca Soares e Silva e Teresa Leopoldina Barbosa da Fonseca, que passou a assinar Belisa da Fonseca Pereira.
Dos 16 filhos do casal, sete mantiveram o sobrenome composto usado pela mãe, “Fonseca Pereira”, no caso, Joaquim da Fonseca Pereira (Quincas), Maria da Fonseca Pereira, Rufina da Fonseca Pereira, João da Fonseca Pereira, Francisco da Fonseca Pereira, Matilde da Fonseca Pereira e Frederico da Fonseca Pereira.
Seja por via direta ou por ligação através de casamentos, a família Pereira é uma das muitas que trazem origem sefardita.
Importante lembrar
Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.
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