em 29 de dezembro de 2025

“Por causa de uma polêmica, mudam uma reparação histórica”, diz Isabel Comte

em 29 de dezembro de 2025

“Por causa de uma polêmica, mudam uma reparação histórica”, diz Isabel Comte

A proposta de alterações à Lei da Nacionalidade em Portugal segue no centro do debate público, mesmo após a decisão do Tribunal Constitucional que considerou inconstitucionais algumas normas. O ponto essencial, porém, é que se trata de um diploma ainda em tramitação, que deve ser vetado e devolvido para ajustes, sem efeitos imediatos sobre os pedidos em curso. Na prática, as regras atuais permanecem aplicáveis até eventual aprovação final e promulgação.

Segundo o Diário de Notícias, o aumento do tempo necessário de posse do título de residência para naturalização por parte de cidadãos da CPLP, de cinco para sete anos, não foi submetido à fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional. Isso significa que, caso o texto seja ajustado e aprovado novamente, este ponto tende a permanecer no novo desenho legal.

No mesmo sentido, a proposta também pretende retirar da contagem do tempo relevante para nacionalidade o período de espera pela autorização de residência, hoje afetado por atrasos administrativos. Leia a matéria completa aqui.

Números sobre pedidos e tipos de processos

  • Pedidos pendentes: “ultrapassam os 700 mil”
  • Peso dos pedidos por residência: “cerca de 30% destes processos referem-se à nacionalidade por tempo de residência em Portugal”
  • Pedidos registados no IRN:
    • 2022: mais de 124.000 pedidos
    • 2023: mais de 85.000
    • 2024: mais de 86.000
  • Peso da via sefardita no stock em análise: “Aproximadamente 30% do total de pedidos no IRN em análise atualmente referem-se a descendentes de judeus sefarditas.”

    Fonte: IRN, conforme citado no texto

A leitura de Isabel Comte sobre o regime sefardita

Na entrevista, a jurista Isabel Comte, consultora da Martins Castro e autora do livro Lei da Nacionalidade – Anotada e Comentada, critica a mudança de rumo político que pode levar ao fim do regime voltado a descendentes de judeus sefarditas, lembrando a origem do mecanismo como medida de reparação histórica:

“Votaram todos a favor pela reparação histórica, mas, por causa da polêmica envolvendo uma pessoa, alteram toda a lógica de nacionalidade e, agora, lembraram-se de revogar, porque muitas pessoas que pedem a nacionalidade hoje estão abrangidas por este artigo da lei”, analisa.

Preocupação com crianças e risco de apatridia

Isabel Comte também aponta preocupação específica com o impacto potencial das alterações na atribuição de nacionalidade a crianças:

“Eu gostava muito que o tribunal se tivesse pronunciado sobre as crianças. Vamos criar aqui uma geração de crianças que serão apátridas durante muito tempo da sua vida; é uma situação muito gravosa”.

Ela relaciona esse cenário com falhas de funcionamento administrativo e defende que a eficiência do sistema migratório seria parte decisiva para reduzir pressões por endurecimento legal:

“Penso que, se tivéssemos um sistema da AIMA mais eficiente, não precisariam de ser tão ‘mauzinhos’, entre aspas, com a Lei da Nacionalidade”, afirma.

A decisão do Tribunal Constitucional não altera, por si, as regras atuais. O texto legislativo segue dependente de revisão, nova votação e promulgação. Até que isso ocorra, pedidos e estratégias devem continuar baseados na lei em vigor, com atenção ao debate em andamento e aos pontos que podem avançar no Parlamento.

Se você ainda não iniciou seu pedido pela via sefardita, preencha o formulário abaixo:

Português | Espanhol | Inglês | Hebraico

Se deseja transmitir para filhos e cônjuges, acesse e envie o formulário:

Português | Espanhol | Inglês | Hebraico

Se deseja solicitar uma análise para acelerar seu processo, acesse e envie o formulário:

Português | Espanhol | Inglês | Hebraico