Três cuidados para evitar atrasos na naturalização pela via sefardita
O processo de naturalização portuguesa pela via sefardita, dependendo do cuidado com a documentação apresentada, pode ser mais ou menos ágil. Isto porque as inconsistências podem gerar pendências na Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) e Comunidade Israelita do Porto (CIP) e a necessidade de correções e de nova solicitação de avaliação nestas comunidades.
Pensando nisso, indicamos três cuidados que devem ser tomados na hora de organizar os documentos que comprovam sua ascendência sefardita.
1. O Family Search é bom, mas não é 100%
O site, que contém registros mantidos pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, traz desde arquivos eclesiásticos com trechos transcritos, como árvores genealógicas e dados de milhões de pessoas que viveram em todo o mundo.
Prós: o grande volume de informações e a forma intuitiva com que são expostos facilita bastante a pesquisa genealógica. Para se ter ideia, depois de registrada a sua árvore genealógica, o site oferece sugestões de outras pessoas já registradas que podem ser parte da sua família. É comum também o site sugerir outros documentos que tragam os nomes de membros de sua família.
Contras: o problema é que os registros das árvores e das pessoas que as compõem podem ser alterados pelos usuários. Deste modo, usuários mal intencionados ou mal orientados podem modificar registros de acordo com seus interesses, afetando a confiabilidade dos dados.
Como evitar: é sempre bom basear suas informações não apenas nas árvores cadastradas no site, mas em documentos primários, como registros de nascimento, casamento e óbito, bem como em fontes bibliográficas confiáveis, o que nos leva ao segundo ponto.
2. Nem sempre o que está em um livro é verdade
Livros sobre a genealogia e história de famílias e localidades são fundamentais para quem precisa comprovar a sua ascendência sefardita. Muitos deles são obras obrigatórias de referência para pesquisadores da área, como a Nobiliarchia Pernambucana, de Borges da Fonseca.
Prós: para prepararem as suas obras, os autores devem ter o cuidado de basear suas conclusões em fontes primárias. Assim, ao indicarem os membros de uma família, por exemplo, eles tiveram de fazer cuidadosas pesquisas em documentos, depoimentos e muitas vezes levaram anos para concluírem essa obras.
Contras: assim como há pesquisadores zelosos e éticos, pode haver quem tenha a intenção de manipular dados de acordo com os seus interesses, ou simplesmente que não tenha seguido uma metodologia confiável no trato das fontes. Além disso, mesmo os profissionais mais dedicados podem cometer erros de interpretação, como confundir homônimos e datas.
Como evitar: sempre que possível, é importante associar fontes bibliográficas a fontes documentais. Além disso, ao utilizar determinado livro como fonte, verificar quais fontes o autor utilizou para suas conclusões e, se possível, comparar com outros autores.
3. Cuidado com dados registrados em documentos
Muitas vezes é necessário solicitar a segunda via de atestados de óbito, casamento ou nascimento em cartórios, que dispõem de registros desde o século XIX.
Prós: muitos cartórios brasileiros já dispõem do acervo digitalizado, e mesmo aqueles que ainda não se modernizaram, contam com profissionais que têm familiaridade na pesquisa com livros cartorários e podem localizar os documentos solicitados com relativa agilidade.
Contra: muitas vezes, a superlotação nos cartórios e a grande demanda por serviços, bem como a falta de pessoal suficiente para o atendimento atrasa as buscas. Além disso, qualquer descuido na hora de preencher as segundas vias dos documentos solicitados ou a qualidade digitalização pode levar causar mais atrasos.
Como evitar: por isso, há algumas informações que devem ser destacadas no ato de solicitação e do recebimento desses documentos: os nomes completos das pessoas constantes no documento, as datas e locais. É bom deixar claro que ao solicitar atestados de óbito, certidões de nascimento e casamento, você precisa dos nomes de todas as pessoas registradas no livro cartorário, sem abreviações e com atenção na grafia. Se mesmo assim o documento for entregue com erro, você pode solicitar uma verificação no livro original e a substituição dos dados incorretos.
Ao seguir essas orientações, você está garantindo mais segurança e confiança na sua busca genealógica. Consequentemente, o tempo para conseguir o seu documento português não vai ultrapassar a média de 2 anos – há quem consiga em menos tempo. Boa pesquisa!
Descubra se é descendente de um judeu sefardita
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