Anita Garibaldi: a revolucionária descendente de sefarditas
Muitos já ouviram falar de Anita Garibaldi. Seu nome aparece associado ao de Giuseppe Garibaldi, corsário italiano, por quem se apaixonou e ao lado de quem lutou na Guerra Farroupilha, no Uruguai e na Itália. Sua participação na luta pela unificação do território italiano lhe rendeu o título de heroína naquele país.
Antes da heroína, entretanto, havia uma moça que até os 18 anos viveu uma vida relativamente pacata no interior de Santa Catarina. Relativamente, pois a fama do espírito aguerrido e independente de Anita se origina ainda na sua infância.
Desde cedo um espírito aguerrido
Conta-se que com cerca de 13 anos, enquanto cavalgava, ela teria chicoteado um homem que a assediou. O fato teria sido o motivo que levou a família a se mudar do vilarejo onde vivia.
Naquela altura, a menina era conhecida por seu nome de batismo: Ana Maria de Jesus Ribeiro. Aos 14 anos, após a morte do pai, foi obrigada pela mãe a casar-se com o sapateiro Manuel Duarte, numa tentativa de “domar” o seu temperamento.
Segundo a pesquisadora Fernanda Aparecida Ribeiro, “Anita Garibaldi é coberta por histórias”, “o caráter forte e decidido dela, que culmina com várias atitudes ríspidas”, é dos fatos hoje conhecidos sobre a infância de Aninha, como era chamada pela família e amigos.
O diminutivo do nome em português está na origem do nome que assume mais tarde. Com dificuldades em pronunciar Aninha, Giuseppe usa o diminutivo de Ana em italiano para se referir à companheira. Assim surge o nome Anita Garibaldi.
Vida e morte como revolucionária
Nos anos seguintes a vida da jovem mudou radicalmente. Em 1939 seu marido se alistou ao exército imperial para lutar contra os farroupilhas. Anita, que voltou a viver com a mãe, passou então a frequentar a casa de amigos, local onde conheceu Giuseppe.
Aos 18 anos a jovem se junta à Giuseppe e aos farroupilhas. Sua primeira batalha ao lado dos combatentes é em outubro de 1939. Conforme Fernanda Aparecida Ribeiro os relatos contam que “Anita se mostra uma verdadeira guerreira, combatendo corajosamente ao lado de Garibaldi e incentivando os soldados a lutarem com coragem.”
A partir daí a vida de Anita se dividirá entre o campo de batalha e o papel de mãe e esposa. Os 10 anos seguintes que viveu ao lado de Giuseppe até a sua morte em 1949, Anita lutou ao lado do marido não só na Guerra dos Farrapos, mas também no Uruguai e na Itália, onde faleceu acometida, possivelmente, de malária.
Sua última batalha ao lado do marido aconteceu em Roma. Após a tomada da cidade italiana, Anita, Garibaldi e cerca de três mil homens fogem da perseguição dos exércitos francês e austríaco. Passam por várias localidades até alcançarem a Fattoria Guiccioli, em Madriole, onde já muito doente, Anita faleceu grávida de seu quinto filho. Seu corpo é enterrado na areia, próximo ao mar Adriático.
“Diz a tradição, repetida pelos historiadores, que dias depois uma menina encontra um braço para fora da sepultura. Avisadas as autoridades, descobre-se que se trata do corpo da companheira de Garibaldi. Os restos mortais de Anita ainda passam por vários enterros até serem finalmente depositados em um monumento em sua homenagem, em Roma, no ano de 1932”, relata Fernanda Aparecida Ribeiro.
Os ascendentes sefarditas
Filha de Maria Antônia de Jesus Antunes e Bento Ribeiro da Silva, Anita nasceu em 1821. Não há certeza sobre o local preciso, sendo o consenso de que ela era natural de Santa Catarina.
Pesquisas genealógicas indicam que ela possui, ao menos, três ancestrais sefarditas: Francisco Barreto, Antônio Bicudo Carneiro e Jerônimo Pedroso. Sua linhagem sefardita é materna, através do seu avô Salvador Antunes Paes, natural de Sorocaba (SP) que se casou com Quitéria Maria de Souza, natural de Laguna (SC).
Importante lembrar
Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.
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