em 3 de abril de 2020

Família Henrique de Carvalho, a herança do Sul do Brasil

em 3 de abril de 2020

Família Henrique de Carvalho, a herança do Sul do Brasil

Atualmente, são mais de 1,3 milhões de brasileiros que assinam o sobrenome Carvalho. Contudo, em um universo tão grande de pessoas, seria leviano afirmar que todos os membros da família descendem de judeus sefarditas, afinal, nem todos têm a mesma origem, pois muitas pessoas adotaram o sobrenome ao longo da história em diversos locais e repassaram aos seus descendentes. Da mesma forma, as diversas famílias que adotam até hoje o sobrenome Henrique, menos comum, também têm origens distintas.

O que se pode afirmar com certeza é que os membros do ramo Henrique de Carvalho, que habitam o extremo sul do Brasil, descendem de um ancestral comum, filho de cristã-nova portuguesa condenada pela Inquisição, chamado Luís Henriques de Carvalho. Antes de falarmos da união entre as famílias Henrique e Carvalho e sua herança judaica, é interessante conhecer a origem destes dois sobrenomes.

Quando nasce a família Henrique de Carvalho

A pequena Vila de Penamacor, localizada no Distrito de Castelo Branco, Beira Interior, em Portugal, foi onde os sobrenomes Henriques e Carvalho foram unidos, ainda no século XVIII, através do casamento entre Constantino de Carvalho e Leonor Henriques.

A história de Penamacor, que ainda hoje é pequena, com cerca de 5.700 habitantes, sendo quase a metade formada por idosos, remonta há mais de mil anos. Importante estrategicamente por estar situada em uma região fronteiriça entre diversos povos antigos, a localidade nasceu como ponto de defesa, tendo como referência as ruínas de um antigo castelo, principal ponto turístico local. Tornou-se vila em 1199, sob o rei Sancho I, que doou aquelas terras para os cavaleiros da Ordem do Templo.

E foi exatamente por ser uma região fronteiriça entre Portugal e Espanha que a vila teve sua história marcada durante as perseguições aos judeus, promovidas pelos reinos ibéricos a partir do século XV. No total, 97 pessoas foram processadas no local entre 1557 e 1778 pela Inquisição portuguesa por “práticas judaizantes”, ou seja, 75% dos 128 processados. Em um pequeno povoado, como era comum o entrelaçamento entre os moradores por casamento, grande parte da população tinha origem judia, sendo os mais perseguidos aqueles que traziam sobrenomes como Ribeiro Sanches, Nunes de Paiva, Ribeiro de Paiva, Henriques, Rodrigues e Nunes, só para citar os de maior destaque.

Dentre os processados pelo Auto-de-fé, estava exatamente a cristã-nova Leonor Henriques, que viúva do também cristão-novo Francisco Rodrigues Morão, estava casada na época com o cristão-velho, soldado de infantaria, Constantino de Carvalho. Presa em 12 de novembro de 1750, assim como sua filha de 15 anos, Rosa Henriques, capturada dois dias antes, foi considerada culpada pelo crime de práticas judaizantes. Após o processo, é condenada em 1752 ao “confisco de bens, abjuração em forma, cárcere e hábito penitencial a arbítrio dos inquisidores e penitencias espirituais”.

O primeiro Henriques de Carvalho no Brasil

Na época com 6 anos de idade, o filho do casal, Luís Henriques de Carvalho, começa a sentir os estigmas da perseguição e, anos mais tarde, decide embarcar para o Brasil, onde foi ao encontro do tio Antonio Ribeiro de Paiva, boticário que vivia no Rio de Janeiro e, anos antes, também havia sido condenado pela Inquisição. Do Rio, partiu para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde casou-se com Francisca Luiza, em 1781. Cinco anos e quatro filhos depois, a esposa falecera e, em 1891, Luís casa-se novamente, agora com Maria Ignácia Pereira, com quem tivera mais cinco filhos.

Os descendentes de Luís Henriques de Carvalho, que falecera em 1802 aos 56 anos de idade, espalharam-se por toda a região, especialmente por São Borja e Porto Alegre. Com o tempo, os descendentes passaram a assinar o primeiro sobrenome no singular, adotando Henrique de Carvalho.

Importante lembrar

Os sobrenomes são indícios, mas não determinam se você é ou não descendente de judeus sefarditas. Para comprovar esse vínculo, é realmente necessário um estudo genealógico.

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